Inquieto

O tiro saiu pela culatra
entrou pela garganta
e não quero mais conversa fiada...
de terceiras intenções
e frases macias
eu já tô cheio...
Nessa esquizofrenia mais que abstrata
não sei de mais nada.
Caminho sem caminho
vejo no final um precipício
mais um fim e outro início.
Fujo do quarto pela janela
vejo um corredor e
entro na sala mas a porta
esta trancada.
Queria ser o herói e
percebo que sou uma formiga
a ser esmagada...
Me perco com o reflexo do espelho
mais um macaquinho condicionado
sem emprego.
Descubro mais um segredo:
disciplina, respiração
e silêncio.
Mas não consigo me manter
assim por muito tempo.
Se antes eu sonhava
hoje já nem durmo mais...
apaguei o passado
fiz um acordo com o presente
e não sei mais nada do futuro.
Fiz bondades em troca de lealdade
e hoje só ficou a saudade...
Com a maldição da loucura
não soube interpretar outros personagens
vou recarregando no inferno as forças
para transmutar a realidade.
Pago pelos meus erros e devaneios
quero a dor que mereço...
um objeto de carne
fora da validade
não consigo sorrir
só com alguma finalidade.
Todas as certezas e máscaras
na fogueira das vaidades...
me sinto nú e só.
Em liquidação e sem preço.
Sem inspiração
para um novo enredo...
escravo da incerteza
e do medo...
Eu só queria saber ao menos
no que agarrar
pois o extremo da lucidez cega
tudo fica claro
e ao mesmo tempo escuro
quase tudo obsoleto.

E o caminho do meio...
esse é reto, sem volta.
Com a morte
do lado esquerdo
e o coração ardendo...
será que ainda o tenho?


os dias passam na velocidade de um pavio de bomba, ACESO.

Compartilhar

Postagens Relacionadas

Inquieto
4/ 5
Oleh

Assine via e-mail

Adicionar o seu endereço de e-mail para subscrever .

Página inicial